A avaliação de curto e de longo prazo
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
Estamos acostumados a focar, na educação, a avaliação intelectual de curto prazo: a compreensão de leituras, idéias e o desenvolvimento de algumas competências. Sem dúvida essa avaliação, se bem feita, contribui para dar-nos uma radiografia do que aprendemos a curto prazo.
Mas a avaliação que vale a pena, a realmente significativa é a que acontece a longo prazo: a que mostra, depois de alguns anos, o que realmente aprendemos, o que praticamos daquilo que aprendemos e se somos pessoas mais interessantes, abertas, coerentes e realizadas.
A avaliação de longo prazo nos mostra se evoluímos como pessoas mais abertas ou fechadas, mais acolhedoras ou egoístas, mais curiosas ou acomodadas, mais realizadoras ou repetidoras, mais coerentes entre teoria e a prática ou mais incoerentes. Podemos ter evoluído em uns campos mais do que em outros. Sermos empreendedores em negócios e infantis emocionalmente; brilhantes em análises sociais e ruins nas práticas correlacionadas; hábeis em negociar e incoerentes moralmente.
A avaliação de longo prazo pode mostrar-nos o grau de integração e coerência entre a aprendizagem intelectual, a emocional e a ética. Se compreendemos mais profundamente a nós mesmos e aos outros; se relacionamos melhor alguns campos do conhecimento e os incorporamos às nossas vivências, procedimentos e práticas no cotidiano; se evoluímos também emocionalmente, tornado-nos pessoas mais abertas, confiantes, acolhedoras; se evoluímos também eticamente, mantendo maior coerência entre o que pensamos e o que praticamos.
Alguns critérios podem nortear a avaliação de aprendizagem de longo prazo:
1) Gosto crescente por ler, observar, conhecer. Capacidade maior de compreender e de relacionar o que vemos, lemos e ouvimos.
Pode ser resumido nesta pergunta: Gosto cada vez mais de conhecer (idéias, pessoas...)?
2) Maior relação e coerência entre compreensão e ação, entre teoria e prática.
Pergunta: O que construí com o que li e aprendi?
3) Capacidade maior de acolhimento, de comunicação, de interação com os outros?.
Pergunta: Sou uma pessoa mais aberta, produtiva, ética e realizada?
Nestes critérios de longo prazo creio que temos inúmeras deficiências (que não dependem só da escola). Sinto que muitas pessoas, de alguma forma, se inibem diante da aprendizagem, não acreditam no seu potencial de evolução, na sua capacidade de avançar além do previsível. Muitas se contentam com a aprendizagem “profissional”, a que é exigida para melhorar a empregabilidade, o salário, mas não vão além, não se interessam por novos campos, não pesquisam novos caminhos, esperam que o mundo mude para mudar junto ou depois.
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